domingo, 16 de fevereiro de 2014

A CONSTRUÇÃO DE ESPAÇOS COLETIVOS DE ESPERANÇA NO DISTRITO FEDERAL



Precisamos construir espaços coletivos de esperança a fim de recuperar a vontade social do brasiliense como elemento determinante do desenvolvimento, pois, do jeito como vai a autoestima da população, seus interesses e opiniões se manifestam cada vez mais como dados de perda de identidade sócio-histórica, de descrédito em seu papel protagônico, o que tem gerado uma cultura de descrença na política. Há que se mobilizar vontades para que a sociedade possa escolher o seu destino social e sua vocação histórica.
É imperativo ao bem-estar da cidade pensar o Distrito Federal partindo para uma acumulação estratégica a ser discutida da forma mais abrangente possível em diversas instâncias, de maneira que envolva toda uma militância no seu processo elaborativo, de forma internamente participativa.
É necessária uma política de coletividades com uma ruptura epistemológica que transcenda as particularidades e atinja projetos políticos baseados no interesse da espécie, concebendo o desenvolvimento como um direito. Aí, então, haverá a concretização de uma experiência coletiva, urbana e rural, possibilitadora da transformação das condições materiais de vida relacionadas com a comunidade organizada, para a construção do novo avançado e sustentável, em oposição ao atrasado e sem sustentação.
Inegavelmente, só se pode construir a cidadania participativa no contexto de um novo tipo de articulação, na extensão de novos espaços de intervenção política abertos ao desenvolvimento de novas estruturas democráticas, estabelecidas de baixo para cima. Tal ação tornaria possível construir o Distrito Federal como um espaço coletivo de esperança para as próximas décadas.
(Cruzeiro-DF, 15 de fevereiro de 2014)

A FOLIA DE UMA NOVA CRISE ENERGÉTICA

“OLHA O APAGÃO AÍ, MINHA GENTE!”

Atualmente, os reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras estão próximos dos limites de quando ocorreu a crise do apagão, há cerca de 12 anos. Para agravar ainda mais a situação, neste ano, tanto o consumo residencial de energia elétrica quando a demanda pelos setores de comércio e serviços estão em níveis bem mais elevados.
Para que se tenha uma ideia, houve um aumento geral do consumo em 3,5%, puxado, principalmente, pelas residências (a elevação da taxa de consumo residencial chegou ao patamar de 6,1%, sendo que, no Nordeste, a taxa de crescimento alcançou 11,5%), embora, na indústria, tenha havido uma elevação de apenas 0,6%. Arrepia-nos pensar que, para 2020, se projeta um aumento geral no consumo da ordem de 4,8%, o que poderá comprometer a segurança energética do País.
Por outro lado, o aumento da capacidade de geração de energia elétrica é uma exigência para que o Brasil tenha um fornecimento confiável de energia barata a fim de suprir investimentos industriais que consumam grande quantidade de eletricidade. Para tanto, os investimentos em energia devem ser feitos em diferentes tipos de usinas, e não se restringir às hidrelétricas, para evitar crises quando uma fonte de energia tiver problema de abastecimento. Até porque, nos últimos 14 anos, por diversas vezes atingimos níveis críticos de confiabilidade de fornecimento de energia elétrica.
Embora o padrão internacional recomende uma margem de reserva de 10% de excesso de capacidade instalada em relação à demanda esperada, temos trabalhado com uma margem de apenas 2%. A oferta atual é insuficiente e a demanda cresce rápido. O setor de geração e transporte (transmissão e distribuição) de energia elétrica requer investimentos da ordem de US$ 8 bilhões anuais para atender a demanda e manter o sistema com a confiabilidade necessária, entretanto não tem conseguido levantar nem a metade desses recursos.
O Brasil deve atentar para o fato de que o setor energético necessita de um Plano Nacional de Desenvolvimento que contemple um período mais longo do que apenas o de um mandato para que o suprimento de energia elétrica do País possa ser planejado e expandido em bases sólidas. E será preciso um fluxo de crédito suficiente para manter os investimentos no setor elétrico.
Tudo é sistêmico e atua reagindo encadeadamente, a falta de energia poderia prejudicar a retenção de trabalhadores por parte das empresas. Então, se ocorrer escassez de eletricidade, haverá desemprego. Ou seja: em todos os sentidos, a eletricidade é essencial contra a pobreza.
(Cruzeiro-DF, 16 de fevereiro de 2014)