Planejada
e construída para receber a máquina administrativa federal, Brasília apresenta
índices que refletem os efeitos do crescimento urbano desordenado que atendeu,
bastante, a objetivos eleitoreiros e a interesses da especulação imobiliária,
sem planejamento, com ocupação atabalhoada e caótica do solo, o que inchou a
população da Capital Federal. Planejada para 500 mil habitantes, o DF, hoje,
possui 2,5 milhões de moradores.
Durante
diversos governos, houve um inchamento do Distrito Federal pela massa de
trabalhadores advindos, principalmente, do campo. Tal inchaço populacional teve objetivos
eleitoreiros, a fim de criar uma grande camada de eleitores de baixa ou nenhuma
renda que garantissem clientelisticamente as sucessivas eleições. O advento
dessa grande leva de migrantes que chegou à Capital Federal, principalmente a
partir de meados da década de 80, acirrou as contradições nas condições de saúde, educação, segurança, moradia,
transporte, água, eletricidade, esgoto, meio ambiente e tantas outras questões
urbanas em geral.
O Produto Interno Bruto do
Distrito Federal é, majoritariamente, oriundo de recursos diretos ou indiretos
do governo local e federal. Em sua maioria, provém do setor de serviços (92,95%),
tem baixa participação da atividade industrial (6,58%) e baixíssima
contribuição agropecuária (apenas 0,47%). Em termos per capita, o PIB do Distrito Federal é o maior do País, contudo, a
Capital Federal apresenta a pior distribuição de renda dentre as Unidades da
Federação, revelando uma feroz desigualdade social.
O setor público impôs-se como
matriz produtiva, gerando quase a metade do PIB; em razão do seu gigantismo,
ele atrofia todos os demais setores da economia do local e, a continuar assim,
danificará, em longo prazo, a atividade econômica. O setor de serviços é o que
mais gera emprego, sendo responsável por 93% do Produto Interno Bruto,
entretanto encontra-se praticamente todo concentrado no Plano Piloto. A
atividade industrial é quase ausente, não possui dinamismo e responde apenas
por 6,58% do PIB – falta ao Distrito Federal uma política de desenvolvimento
associada às vocações da cidade, ela precisa de aglomeração e especialização
que prevejam canais de interação entre empresas e avançados centros de pesquisa
e inovação tecnológica.
A construção civil é um dos
setores de maior empregabilidade, mas se revela sazonal. Apesar de ser grande
supridor de alimentos no mercado interno e responsável por mais de 90% das
exportações do DF, com destaque na produção de aves, soja, milho, feijão e
hortaliças, o setor agropecuário tem participação extremamente baixa de 0,47%
no PIB do DF. Em suma, o setor produtivo está atrofiado e precisa ter sua
capacidade aumentada; com tal objetivo, deve-se criar uma nova matriz
econômica, limpa, criativa e tecnológica, para pôr fim ao gargalo histórico em
que se encontra o Distrito Federal.
Brasília requer um novo
ordenamento, em que se definam espaços de desenvolvimento econômico com
clareza. Precisa-se construir um pacto entre o setor público, o setor privado e
a sociedade. É necessário pesquisar e identificar tendências e demandas de
longo prazo e elaborar uma estratégia de desenvolvimento sustentável.
Urge levar a cabo um novo modelo
de desenvolvimento econômico, não-predatório, preocupado com a manutenção da
natureza e o equilíbrio do meio ambiente, que compreenda variados aspectos e
realizar um governo que seja expressão do consenso.
(Cruzeiro-DF, 24 de novembro de
2013)
ATENÇÃO: O blog Professor Salin Siddartha é atualizado com nova matéria apenas aos domingos!
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