As
técnicas tradicionais de Administração Pública praticadas pelos sucessivos
governos do Distrito Federal não atendem mais às rápidas mudanças e inovações
existentes. O modelo organizacional, o estilo gerencial e o comportamento dos
gestores públicos devem buscar patamares mais elevados de desempenho que levem
em conta as transformações sociais, os avanços tecnológicos, a complexidade do
crescimento urbano e as novas concepções a respeito da relação entre o homem e
o ambiente natural.
Por
exemplo, nada obstaria incorporar reuniões de staff a teleconferências, ganhando-se tempo ao evitar o
deslocamento dos ocupantes de cargos do 2º e 3º escalões do GDF ao Palácio do
Buriti ou à Residência Oficial de Águas Claras para reunião coletiva com o
Governador. São reuniões que acarretam deslocamento dos gestores públicos em
viagens de carro oficial que podem durar mais de 45 minutos (podendo totalizar mais
de 1 hora e 30 minutos de ida e volta), com atraso para o início da reunião
(pois nunca começa na hora marcada e chega a demorar mais de 30 minutos para o
seu princípio).
Assim,
economizar-se-ia tempo, gasolina e se evitaria o desgaste da ausência de um
Administrador Regional ou Presidente de concessionária no gabinete onde ele
despacha. Sem embargo, a própria democracia direta poderia ser praticada com
assembleias, audiências públicas etc., contemplando a participação de seus
membros no próprio domicílio de cada um. As diversas modalidades licitatórias
podem, também, ser realizada pela rede de computadores, tal qual já ocorre com
o pregão eletrônico.
A
implantação desse novo modelo de gestão mudaria a cultura da administração e da
política públicas, adaptando o GDF à rapidez e eficiência exigidas pela nova
governança, substituindo valores ultrapassados e complementando as boas
práticas porventura já existentes. Mas o grande desafio não seria a mudança da
rotina pela incorporação das vantagens tecnológicas, e sim a modificação da
mentalidade assembleísta das pessoas acostumadas aos seculares (para não dizer
milenares) ritos políticos e burocráticos.
Também
será necessário classificar as tecnologias com base nos processos de
sociabilização das diferentes comunidades para a distribuição do poder social.
Com certeza, a questão ética daí advinda deve ser resolvida na perspectiva que
preveja um desenvolvimento continuado da aplicação da tecnologia da informação
ao novo modelo cultural de gestão. Nesse ponto, o processo de inclusão política
e social dos entes locais requer um prévio ou paralelo programa de inclusão
digital que viabilize as possibilidades de empoderamento comunitário pela via
participativa.
Entretanto
deve-se observar que a adoção da Tecnologia da Informação como ferramenta de
participação democrática direta não pode acarretar exclusão. Nesse sentido, é
que a ética da gestão pública deve açambarcar os detalhes da preparação
massificada do processo de conhecimento para a utilização da informática em
todos os bairros e cidades do DF, popularizando seu conhecimento em todas as
classes sociais, faixas etárias, gêneros e raças. A questão ética, aí, é a de
permitir a participação consciente das pessoas no processo democrático de
tomada de decisão e de defesa dos seus interesses coletivos.
Existirá,
sim, risco de a natureza interativa da intervenção tecnológica não ser
compreendida de imediato, o que dependerá do aperfeiçoamento da aplicação
metodológica e de uma constante avaliação que pese se os resultados estarão
sendo atingidos em relação aos objetivos propostos. É preciso observar com
clareza os impactos que essa intervenção causaria, a compensação da
participação da comunidade ante qualquer intervenção externa e a credibilidade
do novo processo no nível institucional e popular.
A
utilização eficaz dos sistemas de informação cumpriria os objetivos de uma
Administração Pública mais transparente e eficiente, que viabilizasse uma nova
relação de base eletrônica nas suas interações com os diferentes atores da
sociedade, nomeadamente com as comunidades locais. A utilização honesta dos
sistemas de informação pelo poder público pode transformar privilégios em
direitos para a população.
Novas
relações entre Estado e sociedade devem ser utilizadas para redesenhar as
políticas sociais que imponham o combate à exclusão no intuito de expandir a
cidadania. O ponto fundamental é abrir o planejamento e a gestão estatal à
sociedade para criar processos democráticos de cogestão. É a formação da
governabilidade local que transformará a gestão de estruturas tradicionalmente
comprometidas com o clientelismo e a corrupção.
Contudo
é necessário que o GDF aumente a capacitação técnica e política dos setores
mais marginalizados a fim de que eles possam participar da política local sem
desvantagem. Para tanto, o Governo do Distrito Federal precisaria desenvolver
tecnologias gerenciais que canalizassem as demandas sociais e transmitir o
saber técnico à comunidade e às instituições locais.
(Cruzeiro-DF,
29 de dezembro de 2013)