A área rural vem
mostrando uma nova dinâmica. A procura por um ambiente natural, que se torna
cada vez mais escasso devido à invasão da sociedade urbano-industrial, dá nova
oportunidade de desenvolvimento territorial aos espaços rurais.
Essa oportunidade
oferecida pelos espaços rurais deve ser acompanhada por políticas que
viabilizem sua implantação, políticas que recuperem o potencial cultural e
natural da área e criem novas oportunidades de emprego e geração de renda para
os habitantes locais. Mas não bastam apenas as condições naturais e culturais
oferecidas pelo meio, precisa-se também de políticas de longo prazo que as
tornem mais atrativas.
Poder-se-iam
definir como linhas-mestras de atuação de uma política rural no Distrito Federal
a atenção prioritária ao agricultor familiar, obediência às políticas
ambientais, produção de alimentos de forma sustentável com enfoque agroecológico,
aumento da eficiência das linhas de comercialização dos produtos,
desenvolvimento de ações que garantam a segurança alimentar, formação de parcerias que possibilitem a inclusão social dos
produtores familiares, ordenamento e regularização fundiária, formação de
profissionais de extensão rural, capacitação do agricultor familiar, integração
dos três Estados constituintes da região de Águas Emendadas (Águas Emendadas é
composto por sete Municípios do Estado de Goiás, três Municípios do Estado de
Minas Gerais e pelo Distrito Federal) e promoção de parcerias para o trabalho
em rede entre instituições governamentais e não-governamentais, especialmente
para a pesquisa e o ensino.
É
necessário procurar formas alternativas de organização para possibilitar a
apropriação social da natureza, formas que podem ser tão competitivas quanto as
hegemônicas vigentes (seria possível formar Conselhos de Cogestão de Produtos
Nativos do Cerrado). As políticas de ocupação e de produção do território do
cerrado precisam dar atenção às potencialidades do ecossistema nativo e ao
conhecimento acumulado pela cultura local. Devem-se treinar os produtores
rurais e suas famílias em novas técnicas de produção de alimentos. Deve-se
preservar a cultura local, especialmente em agroecologia e produção orgânica.
Também é importante que se possua um sistema de informatização rural, por
intermédio do qual o GDF conheça toda riqueza biológica das suas áreas rurais.
O desenvolvimento rural
deve conservar a biodiversidade, firmando acordos e compromissos de conservação
ambiental. Políticas públicas podem incentivar a comercialização de produtos
nativos do cerrado, dando isenção do recolhimento do ICMS, criando legislação
distrital apropriada para certificação de qualidade dos produtos originários
dos usos de nativas, produzidos em uma economia ou agroindústria familiar, que
não encontrem legislação adequada para sua formalização.
Uma agricultura de
precisão pode racionalizar o sistema de produção agrícola moderno e o emprego
de agroquímicos, reduzindo os custos, minimizando impactos ambientais e
melhorando a qualidade dos produtos agrícolas. O comércio eletrônico
possibilita a compra e a venda de produtos e insumos agropecuários, além de
disponibilizar informações que cobrem amplas atividades agropecuárias.
A população rural do DF
ainda está distante dos benefícios da Internet, pois somente 22,6% dela têm
acesso a esse serviço. Os empresários rurais necessitam investir em tecnologias
da informação para tomar decisões em nível crítico de gestão; diante dessa
premência, é importante identificar quais são as atividades que estão utilizando
a tecnologia da informação na gestão das empresas rurais em Brasília. Apenas
uma minoria dos administradores rurais utiliza a tecnologia da informação para
a gestão eficiente das informações; então, pode-se aplicar a tecnologia da
informação ao empresário do campo, capacitando e atualizando tecnologicamente
os administradores e gerentes daquelas empresas.
Os usuários rurais
internautas são desconhecidos do GDF. O uso correto da informática pode
oferecer ao sistema agropecuário recursos tais como o diagnóstico de doenças em
plantas ou animais a partir de informações prestadas pelo agricultor, além de
cursos de treinamento a distância.
Muitas empresas do
segmento agrícola não possuem técnicas de gestão devido à falta de qualificação
do empresariado rural. Quando essas organizações passam a utilizar um sistema
de informação, elas organizam-se e determinam-se a um método de trabalho bem
definido.
Precisa-se reestruturar
ruralmente o Distrito Federal, evoluindo para uma ruralidade agrária moderna,
com empresa familiar, com estratégias familiares pluriativas, concretizando-se
na mobilização e sensibilização, priorizando problemas, potencialidades e
construção participativa das soluções. O incremento de políticas comunitárias
para o desenvolvimento rural ajudará a operacionalização de programas e
iniciativas da comunidade.
Uma estratégia de
desenvolvimento rural há de orientar um modelo de agricultura sustentável com
múltiplas funções, assim como há de proteger o patrimônio ecológico por
intermédio de medidas agroambientais concentradas em cinco eixos: água, solo,
riscos naturais, biodiversidade e paisagem. Dez medidas devem ser destacadas:
extensão da produção agrária, as variáveis nativas de espécies vegetais,
técnicas ambientais de racionalização de produtos químicos, luta contra erosão
em meios frágeis, proteção da fauna e flora, economia de água fluvial, fomento
da intensificação da produção, proteção de paisagem, prevenção contra incêndios
e gestão integrada das explorações pecuárias.
Uma política de
desenvolvimento rural deve concentrar-se na melhoria da paisagem e do ambiente
rural, na promoção da qualidade de vida na zona rural e na diversificação da
economia rural. A área rural do DF pede infraestrutura, amparo à saúde,
melhorias na educação, emprego, saneamento rural e melhor e maior articulação
do campo com a cidade – uma das maiores necessidades é crédito rural para
aumentar a produção e a distribuição dos produtos no mercado.
O tamanho da população
rural brasiliense e a elevação da
pobreza no campo mostram a falta de investimento público na agricultura. Tem-se
de estimular os programas destinados a famílias da área rural com renda per capita abaixo de um salário mínimo,
criar agroindústrias e prestar assessoria para que as famílias obtenham
financiamentos, desenvolvam a produção e comercializem o produto final. Assim,
evoluindo para uma ruralidade moderna, o Distrito Federal poderá fazer o campo
crescer economicamente, reduzindo as desigualdades sociais na área rural e
preservando o meio ambiente.
(Cruzeiro-DF, 19 de janeiro de 2014)
(Cruzeiro-DF, 19 de janeiro de 2014)