sábado, 18 de janeiro de 2014

A DINÂMICA DA EVOLUÇÃO PARA UMA RURALIDADE MODERNA NO DF



A área rural vem mostrando uma nova dinâmica. A procura por um ambiente natural, que se torna cada vez mais escasso devido à invasão da sociedade urbano-industrial, dá nova oportunidade de desenvolvimento territorial aos espaços rurais.
Essa oportunidade oferecida pelos espaços rurais deve ser acompanhada por políticas que viabilizem sua implantação, políticas que recuperem o potencial cultural e natural da área e criem novas oportunidades de emprego e geração de renda para os habitantes locais. Mas não bastam apenas as condições naturais e culturais oferecidas pelo meio, precisa-se também de políticas de longo prazo que as tornem mais atrativas.
Poder-se-iam definir como linhas-mestras de atuação de uma política rural no Distrito Federal a atenção prioritária ao agricultor familiar, obediência às políticas ambientais, produção de alimentos de forma sustentável com enfoque agroecológico, aumento da eficiência das linhas de comercialização dos produtos, desenvolvimento de ações que garantam a segurança alimentar, formação de parcerias que possibilitem a inclusão social dos produtores familiares, ordenamento e regularização fundiária, formação de profissionais de extensão rural, capacitação do agricultor familiar, integração dos três Estados constituintes da região de Águas Emendadas (Águas Emendadas é composto por sete Municípios do Estado de Goiás, três Municípios do Estado de Minas Gerais e pelo Distrito Federal) e promoção de parcerias para o trabalho em rede entre instituições governamentais e não-governamentais, especialmente para a pesquisa e o ensino.
É necessário procurar formas alternativas de organização para possibilitar a apropriação social da natureza, formas que podem ser tão competitivas quanto as hegemônicas vigentes (seria possível formar Conselhos de Cogestão de Produtos Nativos do Cerrado). As políticas de ocupação e de produção do território do cerrado precisam dar atenção às potencialidades do ecossistema nativo e ao conhecimento acumulado pela cultura local. Devem-se treinar os produtores rurais e suas famílias em novas técnicas de produção de alimentos. Deve-se preservar a cultura local, especialmente em agroecologia e produção orgânica. Também é importante que se possua um sistema de informatização rural, por intermédio do qual o GDF conheça toda riqueza biológica das suas áreas rurais.
O desenvolvimento rural deve conservar a biodiversidade, firmando acordos e compromissos de conservação ambiental. Políticas públicas podem incentivar a comercialização de produtos nativos do cerrado, dando isenção do recolhimento do ICMS, criando legislação distrital apropriada para certificação de qualidade dos produtos originários dos usos de nativas, produzidos em uma economia ou agroindústria familiar, que não encontrem legislação adequada para sua formalização.
Uma agricultura de precisão pode racionalizar o sistema de produção agrícola moderno e o emprego de agroquímicos, reduzindo os custos, minimizando impactos ambientais e melhorando a qualidade dos produtos agrícolas. O comércio eletrônico possibilita a compra e a venda de produtos e insumos agropecuários, além de disponibilizar informações que cobrem amplas atividades agropecuárias.
A população rural do DF ainda está distante dos benefícios da Internet, pois somente 22,6% dela têm acesso a esse serviço. Os empresários rurais necessitam investir em tecnologias da informação para tomar decisões em nível crítico de gestão; diante dessa premência, é importante identificar quais são as atividades que estão utilizando a tecnologia da informação na gestão das empresas rurais em Brasília. Apenas uma minoria dos administradores rurais utiliza a tecnologia da informação para a gestão eficiente das informações; então, pode-se aplicar a tecnologia da informação ao empresário do campo, capacitando e atualizando tecnologicamente os administradores e gerentes daquelas empresas.
Os usuários rurais internautas são desconhecidos do GDF. O uso correto da informática pode oferecer ao sistema agropecuário recursos tais como o diagnóstico de doenças em plantas ou animais a partir de informações prestadas pelo agricultor, além de cursos de treinamento a distância.
Muitas empresas do segmento agrícola não possuem técnicas de gestão devido à falta de qualificação do empresariado rural. Quando essas organizações passam a utilizar um sistema de informação, elas organizam-se e determinam-se a um método de trabalho bem definido.
Precisa-se reestruturar ruralmente o Distrito Federal, evoluindo para uma ruralidade agrária moderna, com empresa familiar, com estratégias familiares pluriativas, concretizando-se na mobilização e sensibilização, priorizando problemas, potencialidades e construção participativa das soluções. O incremento de políticas comunitárias para o desenvolvimento rural ajudará a operacionalização de programas e iniciativas da comunidade.
Uma estratégia de desenvolvimento rural há de orientar um modelo de agricultura sustentável com múltiplas funções, assim como há de proteger o patrimônio ecológico por intermédio de medidas agroambientais concentradas em cinco eixos: água, solo, riscos naturais, biodiversidade e paisagem. Dez medidas devem ser destacadas: extensão da produção agrária, as variáveis nativas de espécies vegetais, técnicas ambientais de racionalização de produtos químicos, luta contra erosão em meios frágeis, proteção da fauna e flora, economia de água fluvial, fomento da intensificação da produção, proteção de paisagem, prevenção contra incêndios e gestão integrada das explorações pecuárias.
Uma política de desenvolvimento rural deve concentrar-se na melhoria da paisagem e do ambiente rural, na promoção da qualidade de vida na zona rural e na diversificação da economia rural. A área rural do DF pede infraestrutura, amparo à saúde, melhorias na educação, emprego, saneamento rural e melhor e maior articulação do campo com a cidade – uma das maiores necessidades é crédito rural para aumentar a produção e a distribuição dos produtos no mercado.
O tamanho da população rural brasiliense e a elevação da pobreza no campo mostram a falta de investimento público na agricultura. Tem-se de estimular os programas destinados a famílias da área rural com renda per capita abaixo de um salário mínimo, criar agroindústrias e prestar assessoria para que as famílias obtenham financiamentos, desenvolvam a produção e comercializem o produto final. Assim, evoluindo para uma ruralidade moderna, o Distrito Federal poderá fazer o campo crescer economicamente, reduzindo as desigualdades sociais na área rural e preservando o meio ambiente.
(Cruzeiro-DF, 19 de janeiro de 2014)