domingo, 16 de fevereiro de 2014

A FOLIA DE UMA NOVA CRISE ENERGÉTICA

“OLHA O APAGÃO AÍ, MINHA GENTE!”

Atualmente, os reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras estão próximos dos limites de quando ocorreu a crise do apagão, há cerca de 12 anos. Para agravar ainda mais a situação, neste ano, tanto o consumo residencial de energia elétrica quando a demanda pelos setores de comércio e serviços estão em níveis bem mais elevados.
Para que se tenha uma ideia, houve um aumento geral do consumo em 3,5%, puxado, principalmente, pelas residências (a elevação da taxa de consumo residencial chegou ao patamar de 6,1%, sendo que, no Nordeste, a taxa de crescimento alcançou 11,5%), embora, na indústria, tenha havido uma elevação de apenas 0,6%. Arrepia-nos pensar que, para 2020, se projeta um aumento geral no consumo da ordem de 4,8%, o que poderá comprometer a segurança energética do País.
Por outro lado, o aumento da capacidade de geração de energia elétrica é uma exigência para que o Brasil tenha um fornecimento confiável de energia barata a fim de suprir investimentos industriais que consumam grande quantidade de eletricidade. Para tanto, os investimentos em energia devem ser feitos em diferentes tipos de usinas, e não se restringir às hidrelétricas, para evitar crises quando uma fonte de energia tiver problema de abastecimento. Até porque, nos últimos 14 anos, por diversas vezes atingimos níveis críticos de confiabilidade de fornecimento de energia elétrica.
Embora o padrão internacional recomende uma margem de reserva de 10% de excesso de capacidade instalada em relação à demanda esperada, temos trabalhado com uma margem de apenas 2%. A oferta atual é insuficiente e a demanda cresce rápido. O setor de geração e transporte (transmissão e distribuição) de energia elétrica requer investimentos da ordem de US$ 8 bilhões anuais para atender a demanda e manter o sistema com a confiabilidade necessária, entretanto não tem conseguido levantar nem a metade desses recursos.
O Brasil deve atentar para o fato de que o setor energético necessita de um Plano Nacional de Desenvolvimento que contemple um período mais longo do que apenas o de um mandato para que o suprimento de energia elétrica do País possa ser planejado e expandido em bases sólidas. E será preciso um fluxo de crédito suficiente para manter os investimentos no setor elétrico.
Tudo é sistêmico e atua reagindo encadeadamente, a falta de energia poderia prejudicar a retenção de trabalhadores por parte das empresas. Então, se ocorrer escassez de eletricidade, haverá desemprego. Ou seja: em todos os sentidos, a eletricidade é essencial contra a pobreza.
(Cruzeiro-DF, 16 de fevereiro de 2014)

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