Atualmente,
os reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras estão próximos dos
limites de quando ocorreu a crise do apagão, há cerca de 12 anos. Para agravar ainda mais a situação, neste ano, tanto o consumo
residencial de energia elétrica quando a demanda pelos setores de comércio e
serviços estão em níveis bem mais elevados.
Para que se tenha uma ideia, houve
um aumento geral do consumo em 3,5%, puxado, principalmente, pelas residências
(a elevação da taxa de consumo residencial chegou ao patamar de 6,1%, sendo
que, no Nordeste, a taxa de crescimento alcançou 11,5%), embora, na indústria,
tenha havido uma elevação de apenas 0,6%. Arrepia-nos pensar que, para 2020, se
projeta um aumento geral no consumo da ordem de 4,8%, o que poderá comprometer a segurança energética do País.
Por outro
lado, o aumento da capacidade de geração de energia elétrica é uma exigência para
que o Brasil tenha um fornecimento confiável de energia barata a fim de suprir
investimentos industriais que consumam grande quantidade de eletricidade. Para
tanto, os investimentos em energia devem ser feitos em diferentes tipos de
usinas, e não se restringir às hidrelétricas, para evitar crises quando uma
fonte de energia tiver problema de abastecimento. Até porque, nos últimos 14 anos, por diversas vezes atingimos
níveis críticos de confiabilidade de fornecimento de energia elétrica.
Embora o
padrão internacional recomende uma margem de reserva de 10% de excesso de
capacidade instalada em relação à demanda esperada, temos trabalhado com uma
margem de apenas 2%. A
oferta atual é insuficiente e a demanda cresce rápido. O setor de geração e transporte (transmissão e distribuição)
de energia elétrica requer investimentos da ordem de US$ 8 bilhões anuais para
atender a demanda e manter o sistema com a confiabilidade necessária,
entretanto não tem conseguido levantar nem a metade desses recursos.
O Brasil deve atentar para o
fato de que o setor energético necessita de um Plano Nacional de
Desenvolvimento que contemple um período mais longo do que apenas o de um
mandato para que o suprimento de energia elétrica do País possa ser planejado e
expandido em bases sólidas. E será preciso um
fluxo de crédito suficiente para manter
os investimentos no setor elétrico.
Tudo é sistêmico e atua reagindo encadeadamente, a
falta de energia poderia prejudicar a retenção de trabalhadores por parte das
empresas. Então, se ocorrer escassez de eletricidade, haverá desemprego. Ou
seja: em todos os sentidos, a eletricidade é essencial contra a pobreza.
(Cruzeiro-DF, 16 de fevereiro de 2014)
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