A rapidez informacional da sociedade em rede
impõe mudanças linguísticas, devido à diminuição da distância entre a sincronia
e a diacronia da linguagem, bem como em razão da intensa atividade interativa
entre as pessoas. Assim, também a língua portuguesa sofre os reflexos inerentes
à influência dos recursos da tecnologia da informação sobre o idioma por
intermédio de uma linguagem de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da
escrita em novos contextos.
Nota-se uma predominância da coloquialidade e
da linguagem informal ante a norma culta e a prática linguística formal. Dessa
forma, os internautas valem-se das letras para representar fonemas, em vez de
grafemas, visando agilizar a escrita na digitação, encurtando palavras e
evitando a digitação de sinais diacríticos, como o til. Por exemplo, em 9dades
= novidades, emprega-se o algarismo 9 (que se pronuncia /nóvi/,
embora se escreva nove) seguido de “dades”, que é o final da palavra;
em eh:
utiliza-se o “h” como equivalente ao acento agudo.
É que as abreviaturas e o aportuguesamento de
estrangeirismo prevalecem na atividade de conexão entre os internautas,
atualizando contextos, intertextualidades e hipertextualidades por exigência da
mídia do ciberespaço e da virtualidade dos acessos a novos universos de
comunicação escrita.
A sociedade informacional está inserida
em um campo onde a conexão em rede é uma realidade. O
ciberespaço é um grande mecanismo social, no qual se realizam novas práticas
comunicativas e novos agenciamentos cognitivos, pois os computadores
possibilitaram o encadeamento de diferentes
linguagens em um único suporte.
Essas transformações estão
criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos
saberes. Então o discurso ficou mais paradigmático, mais
horizontalizado, já que uma sociedade em rede é pouco hierarquizada e as
relações sintagmáticas vão perdendo verticalidade. Como reflexo, temos uma
prática linguística que atualiza a língua portuguesa de forma mais livre,
abreviada pela articulação de um modelo informacional sintético de comunicação
e com maior quantidade de neologismos e expressões braquiológicas.
O modo como se materializa a semiologia da
comunicação informatizada dá origem a uma nova característica do processo de
significação do texto, agregando ao código verbal o não-verbal, mas presente
nos diversos registros de “teclagem”, seja pelas notificações rápidas de MSN,
seja nas interações pessoais e entre grupos, seja no facebook, no WhatsApp, ou no
twitter.
Pode-se afirmar, portanto, que a comunicação em rede tem organizado novas estruturas relacionais de formulação linguística, que vão adquirindo coerência interna à medida que são cotidianamente “testadas” no sistema de representações significativas proporcionadas pela interação entre os internautas.
Pode-se afirmar, portanto, que a comunicação em rede tem organizado novas estruturas relacionais de formulação linguística, que vão adquirindo coerência interna à medida que são cotidianamente “testadas” no sistema de representações significativas proporcionadas pela interação entre os internautas.
(Cruzeiro-DF,
13 de maio de 2014)