A
ótica que um governo tem do desenvolvimento precisa se situar para além do
crescimento da produção e da renda. Temos uma oportunidade para iniciar um novo
padrão de desenvolvimento com base na capacidade endógena de geração e
incorporação de progresso técnico, socialmente inclusivo e ambientalmente
responsável.
Uma
concepção mais ampla de desenvolvimento é a que aproxima o governo e os
cidadãos numa gestão que seja fruto de planejamentos compartilhados. A diminuição
das diferenças sociais para melhor distribuição de benefícios deve partir da
associação das instituições públicas com as comunidades locais. O processo do
desenvolvimento é inseparável do enfrentamento da pobreza, da busca da equidade
e justiça social, de democracia direta, da garantia de organização social e dos
direitos trabalhistas aliados a um ambiente saudável e ao bem-estar como
requisitos para o fortalecimento da cidadania.
É
preciso uma democracia social, política e econômica que induza o
desenvolvimento, mas com as rédeas nas mãos das comunidades locais, empoderadas
por intermédio de seus autênticos representantes do movimento social, da
sociedade civil, dos movimentos populares de reivindicação urbana e rural, do empresariado e do Terceiro Setor. A democracia participativa constitui um
meio por intermédio do qual se pode atingir melhor forma de
convivência política, porém, ainda mais do que isso, a democracia
participativa deve ser enxergada como um valor universal.
A principal questão colocada hoje é a do bem estar do
conjunto da sociedade, e a população
não pode sentir amor pela vida democrática, se não se beneficiar dela. Há múltiplas teias de legítima subversão da ordem degradada
a que ainda temos de nos submeter sendo criadas espontaneamente no mundo, na
Nação e nas cidades pela vontade dos próprios indivíduos e de pequenos
coletivos que podem ganhar corpo de rede para uma nova institucionalização da
realidade social e política. É urgente e emergencial posicionar um novo modelo
de sociedade inclusiva possibilitada pelo empoderamento das comunidades a fim
de um desenvolvimento fora das ortodoxias vigentes – único capaz de distribuir
o bem-estar almejado pelo cidadão e capaz de instaurar uma nova cidadania.
(Cruzeiro-DF, 24 de novembro de 2013)
ATENÇÃO: O blog Professor Salin Siddartha é atualizado com nova matéria apenas aos domingos!