A sociedade está
estruturando-se numa complexidade crescentemente simbolizada pela saturação. As
demandas de convívio ganham relevância significativa no preenchimento de novos
papéis da democracia necessários para formar sensibilidade aos valores da
tolerância, de modo a atender as exigências da fase histórica atual. Como
mecanismo de inserção das demandas de convívio, a democracia participativa
torna-se ferramenta política equalizadora de um novo racionalismo, a partir do
empoderamento local, que dê conta do protagonismo de que as individualidades
populares anseiam para se tornarem visíveis em meio a tanta saturação.
O custo do gigantismo
produtor de uma cultura consumista e padronizada é que o processo econômico
deixa de responder às reais necessidades dos diversos indivíduos e grupos que
compõem a sociedade. O reequilíbrio entre as necessidades e as soluções
econômicas e sociais passa por uma dinâmica política de ação local que
transforme o modo de tomada de decisões para o desenvolvimento econômico e
social, atuando como articulador de um relacionamento entre o público e o
privado, de maneira a efetivar resposta às verdadeiras demandas econômicas da
sociedade.
A dificuldade de
realizar uma reeducação ética é o custo desse gigantismo produtor da cultura
padronizadamente consumista do pós-moderno, principalmente no Brasil e nas
diversas nações que se descolonizaram em um capitalismo tardio. Uma nova
cidadania pode emergir do somatório das atitudes democráticas participativas
que tenham por agentes os diversos entes do movimento social em várias
manifestações locais.
Um sistema de dominação
hiperconsumista é um chocante ataque a uma práxis que reconcilie o sentido de
humanidade presente na cultura de cada homem e de cada mulher. Uma reeducação
ética, valendo-se das manifestações tradicionais culturalmente introjetadas nas
pessoas, pode recuperar certos valores produzidos no passado humanista,
necessário para a sensibilização da contemporaneidade. O empoderamento das
comunidades locais por intermédio de formas diretas de democracia é a grande
saída para uma pedagogia da ética.
O gigantismo hiperconsumista ataca o
meio ambiente natural, faz crescer o recalque psicossocial criado pelas
desigualdades e não leva em conta o interesse público. Os esforços da sociedade
têm de ser estimulados por políticas públicas estabelecidas pelo governo de
maneira que o Terceiro Setor fique encarregado de promover a inclusão das
parcelas da população não alcançadas pelos empreendimentos privados,
defendendo-se, então, valores que garantam a igualdade e a justiça nas relações
sociais.
(Cruzeiro-DF, 26 de janeiro de 2014)
Nenhum comentário:
Postar um comentário