sábado, 28 de dezembro de 2013

DESENVOLVER A CIDADE É TAREFA DE CONSTRUÇÃO POLÍTICA COLETIVA

Não será possível cumprir um projeto de desenvolvimento da Capital da República, se não for viabilizada a incorporação de todos os principais partidos políticos desta unidade da Federação em conjunto com as orientações do Ministério Público - especialmente os partidos políticos da minoria que, sem perder o papel de oposição, podem participar de um compromisso histórico a fim de resgatar o DF para uma ética de crescimento sustentável.
Esse compromisso requer um acordo, em uma interlocução que busque os aspectos democráticos como valor universal capaz de sedimentar e de levar a cabo a ética própria para o crescimento sustentável, com base na participação dos entes comunitários no processo de empoderamento local, para a construção de uma nova cidadania. É preciso estabelecer uma aliança com as principais forças políticas enfocadas num projeto de desenvolvimento econômico e social para que se atinjam resultados permanentemente avaliados por tais forças, em comum com todos os setores representativos da sociedade; contudo, é preciso ter consciência de que as alianças muito amplas são trabalhosas de serem administradas, pois podem dar margem a exigências, principalmente fisiológicas, que levem os sucessivos governos ao imobilismo.
A crítica oposicionista deve ser observada como fator de construção da governança, e não como uma intervenção destrutiva do projeto de desenvolvimento mantido por um compromisso suprapartidário. Para tanto, é mister uma nova ética política baseada na tolerância à alteridade, superando as questões mesquinhas típicas do poder oligárquico; caso contrário, picuinhas continuarão a tornar insustentável governar a Capital Federal. Tudo isso é capaz de erigir um novo consenso, principalmente no que diz respeito ao planejamento da vida econômica da sociedade.
Os escândalos que se sucederam na cidade, principalmente a partir da operação Caixa de Pandora, e que ainda continuam a enxovalhar a Capital, revelam a promiscuidade entre o Poder Público, principalmente o Executivo e o Legislativo local, e quadrilhas organizadas para pilhar o Estado, envolvendo até mesmo as máfias do jogo clandestino. Tais escândalos poderiam chegar a ponto de comprometer a própria autonomia política do DF.
A questão moral tornou-se a questão mais importante: é impossível resolver os problemas que assediam a Capital se não se estabelecer uma forte relação de confiança entre os cidadãos e o GDF – são necessárias urgentes providências e atos de moralização. O Distrito Federal necessita de uma renovação das estruturas da moral pública – é impossível iniciar e levar adiante essas transformações sem a concordância das forças sociais e políticas que compõem o DF.
É necessário indagar sobre os fundamentos morais da democracia e refletir sobre a reforma da própria maneira de se fazer política na Capital da República. Nesse sentido, um compromisso entre as forças políticas e as orientações do Ministério Público seria um projeto de radicalização da democracia, fato que implicaria um Distrito Federal novo.
Tal constructo deveria atrair o máximo de partidos políticos locais para um projeto conjunto que tenha como premissa o desenvolvimento da democracia participativa local e o direito de cada ente comunitário decidir a forma de desenvolvimento local no cumprimento de objetivos estratégicos estabelecidos por uma governança. Até mesmo porque não é crível que um só partido possa resolver os problemas políticos do DF.
Precisa-se agrupar as forças políticas num esforço comum pela salvação e recuperação do Distrito Federal por meio de programa e doutrina de conciliação histórica com a democracia participativa, inspirando-se na realidade local de cada bairro e cidade, objetivando a modernização do DF.
Para que tal compromisso dê certo, é necessário planejar um projeto de desenvolvimento do Distrito Federal, com o qual se possa enfrentar o problema da desorganização crescente que tem avassalado as atividades econômicas e sociais do DF. Tal desorganização já atingiu em cheio as empresas privadas da Capital da República, inibe o espírito empresarial e desencoraja o investimento particular; além disso, compromete a empresa pública, torna-a economicamente inviável e gera contradições entre as suas possibilidades de sucesso e as reivindicações de seus trabalhadores.
Então, faz-se necessário um gesto de grandeza da chamada classe política da Capital da República para levar a cabo tão ambiciosa tarefa.
 (Cruzeiro-DF, 29 de dezembro de 2013)

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