Não
será possível cumprir um projeto de desenvolvimento da Capital da República, se
não for viabilizada a incorporação de todos os principais partidos políticos
desta unidade da Federação em conjunto com as orientações do Ministério
Público - especialmente os partidos políticos da minoria que, sem perder o papel
de oposição, podem participar de um compromisso histórico a fim de resgatar o
DF para uma ética de crescimento sustentável.
Esse
compromisso requer um acordo, em uma interlocução que busque os aspectos
democráticos como valor universal capaz de sedimentar e de levar a cabo a ética
própria para o crescimento sustentável, com base na participação dos entes
comunitários no processo de empoderamento local, para a construção de uma nova
cidadania. É preciso estabelecer uma aliança com as principais forças políticas
enfocadas num projeto de desenvolvimento econômico e social para que se atinjam
resultados permanentemente avaliados por tais forças, em comum com todos os
setores representativos da sociedade; contudo, é preciso ter consciência de que
as alianças muito amplas são trabalhosas de
serem administradas, pois podem dar margem a exigências, principalmente
fisiológicas, que levem os sucessivos governos ao imobilismo.
A
crítica oposicionista deve ser observada como fator de construção da
governança, e não como uma intervenção destrutiva do projeto de desenvolvimento
mantido por um compromisso suprapartidário. Para tanto, é mister uma nova ética
política baseada na tolerância à alteridade, superando as questões mesquinhas
típicas do poder oligárquico; caso contrário, picuinhas continuarão a tornar
insustentável governar a Capital Federal. Tudo isso é capaz de erigir um novo
consenso, principalmente no que diz respeito ao planejamento da vida econômica
da sociedade.
Os
escândalos que se sucederam na cidade, principalmente a partir da operação Caixa de Pandora, e que ainda continuam
a enxovalhar a Capital, revelam a promiscuidade entre o Poder Público,
principalmente o Executivo e o Legislativo local, e quadrilhas organizadas para
pilhar o Estado, envolvendo até mesmo as máfias do jogo clandestino. Tais
escândalos poderiam chegar a ponto de comprometer a própria autonomia política
do DF.
A
questão moral tornou-se a questão mais importante: é impossível resolver os
problemas que assediam a Capital se não se estabelecer uma forte relação de
confiança entre os cidadãos e o GDF – são necessárias urgentes providências e
atos de moralização. O Distrito Federal necessita de uma renovação das
estruturas da moral pública – é impossível iniciar e levar adiante essas
transformações sem a concordância das forças sociais e políticas que compõem o
DF.
É
necessário indagar sobre os fundamentos morais da democracia e refletir sobre a
reforma da própria maneira de se fazer política na Capital da República. Nesse
sentido, um compromisso entre as forças políticas e as orientações do
Ministério Público seria um projeto de radicalização da democracia, fato que
implicaria um Distrito Federal novo.
Tal
constructo deveria atrair o máximo de partidos políticos locais para um projeto
conjunto que tenha como premissa o desenvolvimento da democracia participativa
local e o direito de cada ente comunitário decidir a forma de desenvolvimento
local no cumprimento de objetivos estratégicos estabelecidos por uma
governança. Até mesmo porque não é crível que um só partido possa resolver os
problemas políticos do DF.
Precisa-se
agrupar as forças políticas num esforço comum pela salvação e recuperação do
Distrito Federal por meio de programa e doutrina de conciliação histórica com a
democracia participativa, inspirando-se na realidade local de cada bairro e
cidade, objetivando a modernização do DF.
Para
que tal compromisso dê certo, é necessário planejar um projeto de desenvolvimento
do Distrito Federal, com o qual se possa enfrentar o problema da desorganização
crescente que tem avassalado as atividades econômicas e sociais do DF. Tal
desorganização já atingiu em cheio as empresas privadas da Capital da
República, inibe o espírito empresarial e desencoraja o investimento
particular; além disso, compromete a empresa pública, torna-a economicamente
inviável e gera contradições entre as suas possibilidades de sucesso e as
reivindicações de seus trabalhadores.
Então,
faz-se necessário um gesto de grandeza da chamada classe política da Capital da
República para levar a cabo tão ambiciosa tarefa.
(Cruzeiro-DF,
29 de dezembro de 2013)
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