Os interesses e opiniões
são dados pré-políticos criados pelas relações de identidade sócio-histórica da
cultura de um povo. Quer dizer, são uma questão de vontade social, visto que
houve sociedades que até mesmo desapareceram em decorrência de suas opções
históricas e outras que evitaram tal destino.
A vontade social é o motor que plasma a realidade resultante de um “acordo” não registrado em papel, mas que, de forma tácita, organiza a ética das reflexões do imaginário coletivo. A vontade geral não é alheia às vontades individuais, haja vista o bem geral ter elementos constitutivos de cada interesse particular.
A vontade social é o motor que plasma a realidade resultante de um “acordo” não registrado em papel, mas que, de forma tácita, organiza a ética das reflexões do imaginário coletivo. A vontade geral não é alheia às vontades individuais, haja vista o bem geral ter elementos constitutivos de cada interesse particular.
Quando
a democracia traduz-se na possibilidade de privilegiar a politização dos
indivíduos por meio da participação direta no poder em prol da comunidade, ao
contrário do que possa parecer, a individualidade é a maior contemplada pelo
simples aspecto de que, ao inverso da forma representativa, a expressão
participativa inclui mais a singularidade do que a forma organicista
centralizada no “representante” coletivo que, em vez de defender os direitos de
cada indivíduo contra a ingerência do Estado, arrouba-se como representante
geral, muitas vezes em sacrifício do cidadão comum, que se vê esmagado pela
“maioria” ou pelo “consenso”.
Aí repousa a singela diferença rousseauriana entre vontade geral e vontade de todos, assumindo aquela a intersecção dos interesses individuais, enquanto esta se mostra como o somatório de interesses reunidos. A vontade geral transcende a todas as vontades individuais.
Aí repousa a singela diferença rousseauriana entre vontade geral e vontade de todos, assumindo aquela a intersecção dos interesses individuais, enquanto esta se mostra como o somatório de interesses reunidos. A vontade geral transcende a todas as vontades individuais.
O convênio da personalidade
pública é um corpo moral e coletivo conformado ao Estado que irradia da vontade
social. Isso não significa unanimidade, motivo pelo qual pode ser contrariado,
reformado e até transformado, no decorrer da história, pela capacidade
desempenhada pelos sujeitos sociais com competência suficiente para arrebatar
vontades vitoriosas no contexto de luta social. Isso quer dizer um concerto de
posições capaz de modificar a vontade social e salvar o destino de uma
população.
Nesse sentido, cabe
ao exercício pedagógico do poder local, em prol do desenvolvimento, o papel de
mobilizador das vontades para atuar na busca de um propósito comum, oferecendo
à comunidade uma oportunidade de escolha do seu destino e vocação histórica.
Aliás, quando uma comunidade assume que tem nas mãos o seu destino e descobre
que a construção da sociedade depende de sua vontade e escolha, a democracia
torna-se real.
Existe
em toda sociedade um sistema de base plural mobilizador de vontades individuais
e coletivas que um pacto social pode agregar. Esse sistema evolui com a
demografia, definindo a qualidade racional do futuro. É a vontade coletiva e
inconsciente de poder que se determina como vontade social a partir de
circunstâncias ônticas e ontológicas.
A vontade
de poder da sociedade constitui-se através da dinâmica de realização do
imaginário coletivo local ou, até mesmo, nacional, que “realiza” o “real” pela
sucessão cultural criadora de tradições. É uma categoria socialmente
organizadora, estruturadora do processo de decisões que acontecem no seio da
sociedade em pauta.
A
vontade social que emerge da vontade de poder é uma força que funciona como
princípio sintético de conformação do “real” para a sociedade. Os diversos
arranjos engendrados pela complexidade sistêmica do processo de identidade de
uma determinada sociedade com seus imaginários e, ao mesmo tempo, de diferença
entre as vertentes de opções históricas que se lhe oferecem deflagram uma
hierarquia espelhada pela influência das elites mediante as escolhas que elas
fazem.
Há lugares e épocas em que elites esclarecidas se sobressaem, às vezes, às intuições do povo, e conseguem levá-lo a novas etapas de desenvolvimento, que ele só mais tarde materializa; e há lugares e épocas em que a população impulsiona a sociedade, sem direção definida, mas buscando a renovação. (Ao relembrar as manifestações que ocorreram nos meses de junho e julho de 2013, vê-se que este é, hoje, o caso do Distrito Federal, no contexto do Brasil.) Esse tipo de escolha, cumulativamente, determinará a vontade de poder da sociedade ao longo de sua história.
Há lugares e épocas em que elites esclarecidas se sobressaem, às vezes, às intuições do povo, e conseguem levá-lo a novas etapas de desenvolvimento, que ele só mais tarde materializa; e há lugares e épocas em que a população impulsiona a sociedade, sem direção definida, mas buscando a renovação. (Ao relembrar as manifestações que ocorreram nos meses de junho e julho de 2013, vê-se que este é, hoje, o caso do Distrito Federal, no contexto do Brasil.) Esse tipo de escolha, cumulativamente, determinará a vontade de poder da sociedade ao longo de sua história.
A
intersubjetividade é o ducto que conduz as determinantes da vontade social. É
uma superfície fenomênica que se pontua volitivamente na configuração do real
para dada sociedade.
Assumir
o devir é, assim, influenciar no desenvolvimento da sociedade para que ela
venha a ser o que já estabeleceu para si ou venha a ser as mudanças optadas
pela modificação da vontade social. Daí a necessidade de sensatez política dos
dirigentes conscientes de que suas escolhas serão exemplos determinantes para a
formação da vontade de poder da sociedade.
(Cruzeiro-DF, 21 de maio de 2014)
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