terça-feira, 13 de maio de 2014

A INFLUÊNCIA DA INTERNET SOBRE A PRÁTICA LINGUÍSTICA


A rapidez informacional da sociedade em rede impõe mudanças linguísticas, devido à diminuição da distância entre a sincronia e a diacronia da linguagem, bem como em razão da intensa atividade interativa entre as pessoas. Assim, também a língua portuguesa sofre os reflexos inerentes à influência dos recursos da tecnologia da informação sobre o idioma por intermédio de uma linguagem de síntese, que engloba aspectos da oralidade e da escrita em novos contextos.
Nota-se uma predominância da coloquialidade e da linguagem informal ante a norma culta e a prática linguística formal. Dessa forma, os internautas valem-se das letras para representar fonemas, em vez de grafemas, visando agilizar a escrita na digitação, encurtando palavras e evitando a digitação de sinais diacríticos, como o til. Por exemplo, em 9dades = novidades, emprega-se o algarismo 9 (que se pronuncia /nóvi/, embora se escreva nove) seguido de “dades”, que é o final da palavra; em eh: utiliza-se o “h” como equivalente ao acento agudo.
É que as abreviaturas e o aportuguesamento de estrangeirismo prevalecem na atividade de conexão entre os internautas, atualizando contextos, intertextualidades e hipertextualidades por exigência da mídia do ciberespaço e da virtualidade dos acessos a novos universos de comunicação escrita.
A sociedade informacional está inserida em um campo onde a conexão em rede é uma realidade. O ciberespaço é um grande mecanismo social, no qual se realizam novas práticas comunicativas e novos agenciamentos cognitivos, pois os computadores possibilitaram o encadeamento de diferentes linguagens em um único suporte.
Essas transformações estão criando uma nova cultura e modificando as formas de produção e apropriação dos saberes. Então o discurso ficou mais paradigmático, mais horizontalizado, já que uma sociedade em rede é pouco hierarquizada e as relações sintagmáticas vão perdendo verticalidade. Como reflexo, temos uma prática linguística que atualiza a língua portuguesa de forma mais livre, abreviada pela articulação de um modelo informacional sintético de comunicação e com maior quantidade de neologismos e expressões braquiológicas.
O modo como se materializa a semiologia da comunicação informatizada dá origem a uma nova característica do processo de significação do texto, agregando ao código verbal o não-verbal, mas presente nos diversos registros de “teclagem”, seja pelas notificações rápidas de MSN, seja nas interações pessoais e entre grupos, seja no facebook, no WhatsApp, ou no twitter.
   Pode-se afirmar, portanto, que a comunicação em rede tem organizado novas estruturas relacionais de formulação linguística, que vão adquirindo coerência interna à medida que são cotidianamente “testadas” no sistema de representações significativas proporcionadas pela interação entre os internautas.
(Cruzeiro-DF, 13 de maio de 2014)


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