sábado, 30 de novembro de 2013

EXISTE UMA BOLHA IMOBILIÁRIA NO BRASIL

Já há cerca de um ano, os economistas alertam para a formação de uma bolha imobiliária no Brasil. Como toda bolha, é inevitável que venha a estourar algum dia. Mas esse dia pode estar mais próximo do que previam os analistas.
Já há pouco mais de um ano, saiu um relatório do Fundo Monetário Internacional exigindo que o Brasil tomasse uma série de medidas e apontando a vulnerabilidade da economia brasileira. Entre os riscos apontados pelo FMI estava justamente o setor imobiliário. Isso já não era segredo.
O pico da valorização dos imóveis aconteceu entre meados de 2009 e fim de 2010, com taxas de aumento superiores aos 20% anuais, acumulando percentuais superiores a 150% (no Rio de Janeiro e São Paulo chegaram a 300%), portanto acima da inflação oficial do período. O mercado foi inundado com crédito viabilizado em cima de recursos públicos repassados para os bancos, que obtiveram altíssimos lucros aplicando usurárias tarifas e taxas, um dos pilares dos lucros recordes dos últimos anos.
Contudo, de 2012 em diante, as vendas têm caído. Várias cidades começaram a apresentar quedas significativas - Curitiba (-6,1%), Brasília (-5,8%), Florianópolis (-4,4%), Vila Velha (-3,5%), Vitória e Belo Horizonte (ambas com -1,1%), Fortaleza (-0,6%) e Recife (-0,6%). O desaquecimento do mercado imobiliário foi além do que se esperava.
As principais construtoras e incorporadoras enfrentam sérios problemas de queda dos lucros e falta de liquidez. O Índice Nacional de Custos da Construção – Mercado (INCC-M) subiu acima da inflação oficial. O crescimento vertiginoso das construções, principalmente nas grandes cidades, é visivelmente incompatível com a realidade da população. Foram anos de favorecimento dos governos às construtoras e especuladores, que está chegando agora a um esgotamento.
Uma bolha imobiliária não apenas existe, como está de fato prestes a estourar, e, se os preços caírem, isso poderá criar sérios problemas. A preocupação está justamente em proteger os investimentos dos especuladores que aqueceram artificialmente o mercado no Brasil, em especial nas capitais. A preocupação se concentra sobretudo no setor imobiliário do Rio de Janeiro e de São Paulo. A especulação imobiliária nessas cidades atingiu níveis extraordinários. Essas cidades foram colocadas, na prática, a serviço da especulação imobiliária, e enormes volumes de recursos públicos têm sido direcionados para a construção civil na tentativa de salvá-la da crise imobiliária.
O governo está em uma encruzilhada: se não continuar carregando o setor da construção civil nas costas, existe o risco muito sério do estouro da bolha imobiliária, provocando demissões e quebras; se continuar a fazê-lo, aumentará o rombo fiscal e o endividamento público, subindo a inflação.
(Cruzeiro-DF, 1º de dezembro de 2013)

ATENÇÃO: O blog Professor Salin Siddartha é atualizado com nova matéria apenas aos domingos!

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