Já há cerca de um ano, os economistas alertam para a formação
de uma bolha imobiliária no Brasil. Como toda bolha, é inevitável que
venha a estourar algum dia. Mas esse dia pode estar mais próximo do que previam
os analistas.
Já há pouco
mais de um ano, saiu um relatório do Fundo Monetário Internacional exigindo que
o Brasil tomasse uma série de medidas e apontando a vulnerabilidade da economia
brasileira. Entre os riscos apontados pelo FMI estava justamente o setor
imobiliário. Isso já não era segredo.
O pico da valorização dos imóveis aconteceu entre meados de 2009 e fim de
2010, com taxas de aumento superiores aos 20% anuais, acumulando percentuais
superiores a 150% (no Rio de Janeiro e São Paulo chegaram a 300%), portanto acima da
inflação oficial do período. O mercado foi inundado com
crédito viabilizado em cima de recursos públicos repassados para os bancos, que
obtiveram altíssimos lucros aplicando usurárias tarifas e taxas, um dos pilares
dos lucros recordes dos últimos anos.
Contudo, de 2012 em diante, as vendas
têm caído. Várias cidades começaram a apresentar quedas significativas - Curitiba
(-6,1%), Brasília (-5,8%), Florianópolis (-4,4%), Vila Velha (-3,5%), Vitória e
Belo Horizonte (ambas com -1,1%), Fortaleza (-0,6%) e Recife (-0,6%). O
desaquecimento do mercado imobiliário foi além do que se esperava.
As principais construtoras e incorporadoras enfrentam sérios problemas de
queda dos lucros e falta de liquidez. O Índice Nacional de Custos da Construção
– Mercado (INCC-M) subiu acima da inflação oficial. O
crescimento vertiginoso das construções, principalmente nas grandes cidades, é
visivelmente incompatível com a realidade da população. Foram anos de
favorecimento dos governos às construtoras e especuladores, que está chegando
agora a um esgotamento.
Uma bolha imobiliária não
apenas existe, como está de fato prestes a estourar, e, se os preços caírem,
isso poderá criar sérios problemas. A preocupação está
justamente em proteger os investimentos dos especuladores que aqueceram
artificialmente o mercado no Brasil, em especial nas capitais. A
preocupação se concentra sobretudo no setor imobiliário do Rio de Janeiro e de
São Paulo. A especulação imobiliária nessas cidades
atingiu níveis extraordinários. Essas cidades foram colocadas, na
prática, a serviço da especulação
imobiliária, e enormes volumes
de recursos públicos têm sido direcionados para a construção civil na tentativa
de salvá-la da crise imobiliária.
O governo está em uma encruzilhada: se não continuar carregando o setor
da construção civil nas costas, existe o risco muito sério do estouro da bolha
imobiliária, provocando demissões e quebras; se continuar a fazê-lo, aumentará
o rombo fiscal e o endividamento público, subindo a inflação.
(Cruzeiro-DF, 1º de dezembro de 2013)
(Cruzeiro-DF, 1º de dezembro de 2013)
ATENÇÃO: O blog Professor Salin Siddartha é atualizado com nova matéria apenas aos domingos!
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