domingo, 24 de novembro de 2013

A QUALIDADE AMBIENTAL DA CAPITAL DA REPÚBLICA


Recebi, no dia 22 de novembro, e-mail do Sr. Jeferson Meira, morador da quadra 805 do Cruzeiro Novo-DF, preocupado, segundo diz em seu e-mail, com o “grande número de árvores sendo assassinadas pelo GDF”. Transcrevo abaixo um trecho do texto de Jeferson:

“Hoje, mais uma vez me cortou o coração ao ver pássaros voando desesperados com seus ninhos e filhotes sendo destruídos em mais uma ação, sem critérios, da derrubada e poda no tronco de várias plantas.

“Em frente ao meu prédio, 805 A, derrubaram duas frondosas árvores sadias e que abrigavam revoadas de periquitos.(...) Lamentável, e o pior de tudo, é que não há uma política de replantio de novas árvores. O Cruzeiro Novo está perdendo gradativamente suas raras áreas verdes e comprometendo a qualidade de vida dos moradores (...)”

Realmente, constata-se que, não só no Cruzeiro, mas também em todo o Distrito Federal, o GDF tem cometido verdadeiros atentados criminosos ao meio ambiente, especialmente com relação à derrubada de árvores e podas desastrosas feitas, inclusive, fora de época. Cite-se, como exemplo, a retirada das árvores plantadas há décadas no Balão da Dona Sarah (antigo balão da estrada do Aeroporto de Brasília).

A manutenção da natureza e o equilíbrio do meio ambiente não é levado a sério pelo atual governo. Propostas absurdas, como a que implanta comércio no local onde está o canteiro central do Eixo Monumental, a criação de um setor hoteleiro e habitacional para ser implantado nos lotes onde se situam os clubes às margens do Lago Paranoá, o anúncio da criação de um novo bairro residencial entre São Sebastião e Santa Maria, para comportar, de imediato, 900 mil moradores, são descalabros inacreditáveis e irresponsáveis de um governo local que não se preocupa com a sustentabilidade já tão precária do DF.

O custo de tais impactos na natureza e na qualidade de vida do cidadão reverte-se irreparavelmente em poluição e graves problemas de saúde. É que o Governo do Distrito Federal encara o meio ambiente de forma meramente burocrática, cartorial, como um peso a atrapalhar o desenvolvimento, como se a sustentabilidade não fosse algo de importância mensurável. Assim, o meio urbano, a cada dia, apresenta-se mais ambientalmente insustentável na Capital da República.

Não é possível, no século XXI, conceber gestão pública que não priorize o desenvolvimento sustentável e a defesa do meio ambiente. A organização do desenvolvimento tem de levar em conta a complexidade do crescimento urbano e as novas concepções a respeito da relação entre o homem e o ambiente natural.

É uma falácia considerar que países em desenvolvimento, como o Brasil, têm de decidir entre crescimento econômico e qualidade ambiental, inclusive devido ao fato de a questão do desenvolvimento não se limitar ao aspecto econômico, mas a tudo o que se encontra na junção entre política, sociedade, ambiente natural e economia, na dinâmica histórica, na perspectiva que propicie a sustentabilidade para todos os seres humanos.

Voltando à desarborização que assola o Cruzeiro Novo, citada no e-mail de Jeferson Meira, bem como as diversas regiões administrativas do Distrito Federal, o GDF deveria criar Forças-Tarefa ambientais, no âmbito das Administrações Regionais, formadas por representantes dos movimentos sociais e das entidades representativas dos moradores, empresários, trabalhadores e instituições sociais não-governamentais, presididas pelos Administradores Regionais, para planejar e executar uma política de defesa do meio ambiente e da sustentabilidade dos bairros e das cidades. Assim, Jeferson, a atual Administração Regional do Cruzeiro poderia engajar-se comprometendo, inclusive, o atual Administrador na tarefa de reverter os males causados ao meio ambiente daquele bairro.

(Cruzeiro-DF, 24 de novembro de 2013)

ATENÇÃO: O blog Professor Salin Siddartha é atualizado com nova matéria apenas aos domingos!

Um comentário:

  1. Obrigado caro Salin, pela publicação da denúncia. A propósito, para minha maior indignação, 2 dias após eu enviar a denúncia, a única árvore que restou no meu bloco, um Pajeú com ninhos de pássaros, foi derrubado pelos orgãos do GDF. Mais uma vez ,não souberam explicar os reais motivos. Socorro!

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